Nunca consegui escapar dos clichês da vida. Quando criança, também me fizeram aquela indefectível pergunta: o que você vai ser
quando crescer? Eu não sabia, mas respondi imediatamente que queria ser médica.
Olhei-me no espelho e me imaginei de branco, estetoscópio do pescoço, o sorriso
bondoso de quem cuida de crianças. E finalmente descobri. Descobri fundo, profundo descobri: o espelho, se visto bem
de perto, é uma porta. Abre-se, desde dentro, de outro lado, desinverso. E uma
porta é um mundo de esquecidas esperanças.
Hoje bem sei que quero ser uma
construtora de portas.
[Trecho de um texto de dois-mil-e-antes-da-faculdade]
[Desenho de Gervasio Troche]
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